Depois de ter lançado a sua primeira obra poética em 2021, Pérolas Soltas, a escritora santomense Mirian de Deus prepara-se para o lançamento de um segundo livro, Os Tesouros do Pico Cão Grande. A apresentação vai acontecer nesta quinta-feira, 1 de setembro, a partir das 17 horas, no auditório da UCCLA – União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa – na Avenida da Índia 110, em Lisboa.
A obra conta a história de Albertina Nglandji, uma menina escolhida para proteger os tesouros do Pico Cão Grande, em São Tomé e Príncipe. Nesta história, a autora faz questão de focar nos principais valores humanos, na valorização e proteção da cultura, da fauna e da flora, através de uma viagem imaginária a São Tomé e Príncipe.
A escrita de Os Tesouros do Pico Cão Grande surgiu no ano passado, em “meados de fevereiro ,se não me engano, e de uma simples pergunta que fiz a mim mesma. ‘Que livro gostaria de receber quando criança?’ Eu gostaria de receber um livro que me ensinasse a ter mais amor ao meu país, que me ensinasse as coisas maravilhosas que lá existem, a cultura, a fauna e a flora e, ao mesmo tempo, que passasse mensagens positivas e ensinamentos que também me ajudassem a valorizar mais as pessoas. E assim nasceu este livro”, explicou-nos Mirian.
O Pico Cão Grande é uma elevação com uma altitude de 663 metros, de origem vulcânica e de forma aguda, localizada no sul da ilha de São Tomé, no Parque Natural Ôbo, e é um dos cartões de visita do país. Como a maior parte dos países africanos, cada ponto turístico possui uma história, muitas delas ligadas a lendas e superstições.
Uma vez que Mirian não conhece e nunca ouviu nenhuma acerca do Pico Cão Grande, a escritora decidiu criar a sua própria história fictícia para tornar o ponto turístico muito mais interessante e misterioso e é ao mesmo tempo uma tentativa de fazer com que os locais, em particular as crianças, valorizem o que é deles, além de contribuir para que turistas ganhem curiosidade sobre o arquipélago e a sua cultura.
“Com certeza que um dos meus objetivos é usar a escrita para ensinar as crianças de forma simples e clara sobre as temáticas ambientais e sobre o amor ao próximo. O livro, tal como diz o resumo, também tem o objetivo de dar a conhecer aos descendentes africanos, residentes nos quatro cantos do mundo, a oportunidade de fazer uma viagem a São Tomé e Príncipe usando apenas a imaginação e despertar o desejo de conhecer o país”, contou-nos.
Mirian adianta ainda que podemos esperar dela mais obras deste género. Obras de cariz africano que visem a informação e educação das crianças, tanto a nível pessoal como científico, “tendo em conta que elas são o pilar da sociedade”.
Mirian de Deus nasceu em São Tomé e Príncipe, no dia 1 de setembro de 2000. Ficou órfã dos pais aos cinco anos, em Julho de 2006, vítimas de um acidente de viação. Foi criada no Bairro do Hospital pelos familiares e num colégio de Madres onde aprendeu muito sobre viver em comunidade. Em 2018, recebeu uma bolsa de estudos da Fundação Calouste Gulbenkian, em cooperação com a Fundação Mãe Santomense, para cursar Bioquímica na Universidade de Évora, em Portugal. Em 2020, lidando com diversas crises existenciais encontrou refúgio nos poemas e nas histórias que criava, e desde então nunca mais abandonou a sua paixão.
Atualmente, está a tirar um mestrado em Bioquímica e continua “extremamente comprometida e apaixonada pelas crianças” e por isso os seus poemas e histórias são maioritariamente dedicados à proteção e educação infantojuvenil.
Wilds Gomes
Sou um tipo fora do vulgar, tal e qual o meu nome. Vivo num caos organizado entre o Ethos, Pathos e Logos – coisas que aprendi no curso de Comunicação e Jornalismo.
Do Calulu de São Tomé a Cachupa de Cabo-Verde, tenho as raízes lusófonas bem vincadas. Sou tudo e um pouco, e de tudo escrevo, afinal tudo é possível quando se escreve.