Nenny marcou o primeiro dia do mês de setembro com o seu mais novo single, “Mar Azul”, numa bonita homenagem às suas raízes cabo-verdianas e a um dos mais importantes one man show do arquipélago, Jorge Neto.
É uma canção instrumentalizada e produzida por i.M, e mais uma obra em que a artista retrata as suas origens, desta vez, de uma forma mais profunda e coletiva. Gravado entre Portugal e Cabo Verde, “Mar Azul” teve o videoclipe dirigido por Wilsoldiers e retrata o ambiente familiar típico entre as famílias africanas, onde o convívio entre diferentes gerações, a comida e a música são os protagonistas. Nas imagens vemos ainda desfilar algumas das mais importantes figuras da música popular e urbana da atualidade com sangue cabo-verdiano, como Dino D’Santiago, Lura, Josslyn, Loreta, Landim KSD, Mynda Guevara, entre outros, como o Youtuber Pi (Miguel Monteiro) e Jorge Neto Jr, filho do falecido cantor e entertainer Jorge Neto.
Na descrição da música no YouTube lemos que a mesma é uma homenagem “a toda a comunidade cabo-verdiana na diáspora e em particular ao artista cabo-verdiano Jorge Neto e à sua música ‘Cretcheu’.” Contudo, há um outro sucesso do artista que salta aos olhos (e aos ouvidos) no novo single de Nenny. Tanto a letra quanto o videoclipe de “Mar Azul” recordam-nos uma das músicas de Neto que, sem medo de errarmos, quase todos os cabo-verdianos [e muitos dos PALOP] conhecem: “Sem Ninguém”.
Jorge Neto nasceu em São Tomé e Príncipe, filho de mãe cabo-verdiana e pai santomense. Estudou em Portugal e emigrou depois para a Holanda, país com forte presença da comunidade cabo-verdiana e onde fez sucesso na música, enquanto vocalista da banda Livity.
Falecido em fevereiro de 2020, o artista era considerado o “homem do palco” por ter sido um dos primeiros artistas da comunidade PALOP a dançar e a cantar ao mesmo tempo nas suas performances.
Foram mais de 30 anos de carreira com nove álbuns lançados e incontáveis hits que fazem parte da memória cultural não só de Cabo Verde como de todos os PALOP, que sempre tiveram um carinho especial pela música cabo-verdiana.
A dona da “Bússola”, Marlene Tavares, mais conhecida como Nenny, dispensa apresentações por ser atualmente um dos nomes mais populares da nova geração da música lusófona. “Sushi” foi o hit que colocou a artista nos holofotes, tendo lançado outros temas igualmente bem conhecidos do público, como “Bússola”. O rápido crescimento enquanto artista levou-a a um dos palcos mais célebres do mundo digital, o alemão Colors Showm, onde apresentou as músicas “Tequila” e “Wave”.
Três anos depois, desde o primeiro lançamento e uma pandemia pelo meio, Nenny pisou pela primeira vez o palco principal do Festival O Sol da Caparica, em agosto deste ano.
António Costa
Por vezes com dificuldades de me descrever em palavras, mas sem medo de ser quem sou. Aos 21 anos, com formação académica em línguas e humanidades, levo a comunicação e o hip hop como estilo de vida num mundo em que muitas vezes os coloca em segundo plano.